quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
É natal, venha a comida amarela e o egoísmo
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Vá para dentro lá fora
Não sei se ainda passa na televisão (porque oh sou tão superior à TV) mas lembram-se daquele slogan ranhoso do ministério do turismo, "vá para fora cá dentro"? Parece que agora a tradição é a contrária!
"Oh não, lá vem mais um palhaço a falar sobre a emigração"
Concedo que sou um palhaço (neste tempo frio até me gabo de um nariz vermelho) mas sim, vou falar do que é emigrar e do que poderá ser a curto prazo um caminho que vou ter que seguir. Porquê? Porque da mesma forma que penso que ainda não se apurou a trágica dimensão deste incentivo mascarado à migração, a maioria das pessoas que falam à boca cheia sobre "votar com os pés" não entende os problemas que isso acarreta.
Quem decide realmente tirar os pés de Portugal não o faz de ânimo leve na maioria dos casos. A vida é repleta de escolhas e de relações custo-benefício. Tirar uma holding de Portugal para outro país não é uma escolha propriamente difícil. É ficar e ser violado repetidamente pelos impostos ou sair e ser tratado de uma forma mais digna. Mas uma pessoa não é uma holding, é um organismo inserido numa família, numa comunidade, que tem que abandonar mais ou menos fontes de prazer e de segurança para ir para um local onde as recompensas são maiores mas os riscos também. Depende muito de quem temos à frente mas em regra geral não existem muitos "batmans" ou "max payne", que não têm nada a perder em abandonar tudo.
O que é que isto nos diz? Bom, isto diz que a tendência cada vez maior de abandonar o país é reflexo de uma relação custo-benefício cada vez mais marcada, privilegiando a recompensa e pondo os custos em segundo-plano. O que é ficar em Portugal hoje para o jovem comum?
É provavelmente estar sem emprego. As oportunidades não abundam e trabalhar sai muito caro ao empregador. Quando ainda vai havendo empregador... um senhor chamado Cavaco Silva vai muitas vezes à televisão (só sei porque me contaram) e ao facebook apoiar os jovens investidores... mas o que os jovens investidores precisam é de um bom psiquiatra para cuidar da psicose. Quem é o alucinado que abre uma empresa neste país para ser drenado em impostos, produzir caríssimo devido a mil regulações e no fim não encontrar um mercado interno porque os governos sucessivos trataram de dizimar o poder económico das pessoas? Não é preciso ser um génio para olhar para os números de falências. Só abrem empresas os alucinados ou aqueles que têm a oportunidade de entrar no jogo dos monopólios estatais.
É ter a certeza que reforma é uma palavra que se aplica a eventos burocráticos do tentacular estado. Nada tem a ver com aposentação. Reforma é o que se faz à educação para dar a impressão de que existe um esforço para tratar das crianças, é o que se faz na saúde quando um ministro quer que algo funcione de outra forma (não tem que funcionar bem, apenas diferente). Os jovens não devem preocupar-se com as suas reformas... até porque não as vão ter. Aqueles descontos para a SS são o oxigénio que vai segurando o paciente com cancro do pulmão. Todos sabem o que lhe vai acontecer no final...e não é uma cura miraculosa.
Quando no passado ainda havia a oportunidade de esperar, hoje o jovem não se sente bem em casa com um ou dois pais desempregados. Tem que ir ganhar o seu pão. Se não é aqui tem que ser noutro lado.
Estes problemas vão atingindo as pessoas de forma gradual. O difícil é "cada vez mais difícil", um limite a tender para o impossível. A juventude mais ou menos formada que sai hoje de Portugal é desenraízada e substituída por imigrantes de países ainda piores que o nosso. Os que chegam cá não são portugueses. Os nossos emigrantes, quando voltarem nas férias, não vão encontrar Portugal como o deixaram. Vão ver uma colónia de outro país qualquer, vão ver uma amálgama que de portuguesa só tem os seus pais, e nem isso quando eles morrerem. E aí até os nossos "portugueses no estrangeiro" vão deixar de o ser, deixam de ter nacionalidade e passam apenas a ter passaporte de uma terra.
O "estado", ou seja, o ideal socialista que tem sido aprovado continuamente pelo povo português, vai então ter o efeito catastrófico de se matar a ele próprio ao implodir com o Portugal que conhecemos. É um fenómeno possível, basta continuar neste caminho (e a federalização apenas vai ajudar). Nesse dia, no dia em que os portugueses forem uma malha que popula em pequenas concentrações alguns locais do mundo, estes podem começar a pensar como vão reclamar um pedaço de terra para estragar tudo de novo.
Por agora vou preocupar-me com a minha sobrevivência, este povo masoquista está em segundo ou terceiro plano. Se os que me são chegados quiserem tirar os pés da fogueira, que me comprem um bilhete que eu cá não fico!
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Quando a razão não chega, a gasolina arde melhor
O povo não será livre enquanto houverem caixotes do lixo.
domingo, 11 de novembro de 2012
Produtividade vs Gatos
Oh gatinho! Não consegues fazer uma duckface! |
Ah... e vão aqui: Mythic Bells
Divirtam-se!
terça-feira, 19 de junho de 2012
Se eu te bato é só porque gosto de ti
Jesus Cristo ficaria orgulhoso de nós! |
sábado, 16 de junho de 2012
A GALP e o racismo
Em princípio já sabem que o tema deste Europeu (com E maiúsculo senão o Rompuy ainda me processa) é o respeito. Respeito pelos outros géneros, pelas outras raças, respeito pelos mais velhos, mais novos, pelos youths, pelos chavs, respeito pelos cortes de cabelo parvos com um lado da cabeça rapada.
Mas a galp quer ver o mundo arder. A galp não se interessa pelo respeito, quando diz 11 por todos, não se refere a todos os europeus, mas sim aos portugueses; dito de outro modo, está a apoiar a segregação.
É retrógrado e injusto que o Cristiano Ronaldo só possa jogar habilmente por uma nação, discriminando contra os outros apenas porque nasceu numa ilha portuguesa. A UEFA está ciente disto e reconhece os problemas do futebol, a clivagem entre duas equipas, a não partilha de golos, por vezes até a violência entre entes da mesma espécie! Ainda assim esta toma uma posição muito nobre, até divina; a de apresentar a conjuntura que cria como um desafio, para que as pessoas saibam resistir à tentação de voltar a princípios bárbaros como apoiar a sua equipa ou até a prática vergonhosa de antagonizar as outras.
Entra em cena a gasolineira que, cito, "mais vale usar óleo de batatas que a gasolina deles". Com a pura e vil intenção de ganhar dinheiro e captar mais clientes, ela recorre à falácia publicitária, bombardeando os portugueses com apelos ao seu lado animal, a reverter de volta a antigas construções sociais de nação, efectivamente incitando ao ódio e violência. Talvez um dia esta esteja no cerne de uma nova guerra na europa e tudo terá sido para vender umas t-shirts a 30€.
Há que notar que esta manobra publicitária tem sido extremamente bem sucedida em pequenas áreas de plebeus mais intelectualmente incautos (não inferiores, visto que somos todos iguais). Mas os esforços tornar-se-ão efectivamente fúteis, na minha modesta opinião. Note-se que o processo de diluição das nações é manifestamente visível na composição das várias selecções. Apenas a Ucrânia, creio, não tem vindo a adoptar um processo de importação de jogadores de outros países, eventualmente fazendo deste país o mais racista e apegado a tradições absurdas e mortas. Fora este infeliz exemplo, vê-se que a mundialização é inevitável. A europeização é apenas um pequeno passo, necessário mas miserável no seu cerne por discriminar entre o europeu e os outros.
Quanto à GALP, ficará sem o meu dinheiro, aquela pessoa que me vira contra o meu irmão espanhol, o meu irmão francês, italiano, checo, polaco, etc, é persona non grata.
Nota posterior: Segundo fui informado, parece que existem mais alguns países na situação lamentável da Ucrânia
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Porque é que oiço o mp3 de manhã
Hoje penso que o melhor programa cómico português é possivelmente a missa de domingo na TVI. Acho que conserva aquele bonito esplendor da comédia clássica, da comédia inocente, de dizer patacoadas suficientes que peguem, fatos luminosos e meio idiotas. É o tipo de humor que deixa uma pessoa feliz e sentindo-se bem.
Isto leva obrigatoriamente a exprimir o meu profundo desagrado pelos comediantes profissionais portugueses da actualidade. E isto não é novidade, a evolução da comédia em Portugal não se faz desde que o gato fedorento passou a dar entre a programação normal e mudou o nome para "meo".
De entre os comediantes todos, aquele que mais admiro é no entanto o Ricardo Araújo Pereira. Ele conseguiu duas coisas impressionantes, tornar-se o homem mais engraçado de Portugal a falar de forma estranha e a interpretar personagens que falam também de forma estranha e ao mesmo tempo passar-se como mais divertido que o Zé Diogo Quintela que
a) tinha muito mais pêlos;
b) era "fortezinho";
c) conseguia fazer humor usando a sua própria voz.
Há que realçar também outro monstro do humor (e este honestamente acho piada frequentemente), o Nuno Markl. Graças a ele inúmeras vidas foram poupadas. Basta ouvir todas as rubricas dele que damos logo mais valor à nossa infância. Afinal de contas nem nos meus piores dias fui tão introvertido, azarado e sexualmente desafiado como o Nuno. Agradeço-te do fundo do coração (a sério, não fosse pelo Nuno Markl, já tinha mudado de nacionalidade por vergonha do que passa por humor em Portugal).
E antes de terminar este texto mal construído, constituído por pequenos desabafos, queria falar daquele que é o maior parasita da comédia, aquele que faz os outros tirarem o chapéu (para cobrir os olhos e vomitar lá para dentro em caso de necessidade), o Nilton. O Nilton, à visão de uma pessoa que nunca o suportou, fez a sua vida profissional com 2 artifícios:
-Entrevistar pessoas enquanto olha para a câmara com os seus óculos de massa, dando a impressão que é mais cool que isso e que está a fazer um valente frete;
-Dizer às pessoas "eu amo você". Mesmo tendo em conta que essa frase ficou sem controle e passou a ser utilizada por todos os miudos mais hip, houve uma altura em que naquela cabeça passou a ideia "hm, e se eu disser eu amo você a pessoas aleatórias? Vai ser muita giro, não vai?". Enough said.
Tenhamos em conta que eu não sou comediante. Eu tento ter piada de vez em quando. Normalmente sai tudo ao lado e acabo por fazer as pessoas rirem-se de mim por pena. Mas também não tenho obrigação disso. O Cavalo Colombo não foi feito para fazer rir, não estudei teologia e não recebo dinheiro para ir à radio comercial fazer sotaques a uma hora em que o adormecido super ego das pessoas não as impede de filtrar o que tem piada do que é equivalente a ir à mercearia na terrinha.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
O desabafo do homem desesperado
“Não sei se posso continuar a fazer isto. Estamos a viver a maior mentira do mundo e ninguém quer sair da bolha de negação. Divertem-se com pequenos circos e encobrem a sensação de inutilidade disputando pequenas lutas. Eu participo para não levantar suspeitas, olho para eles e sinto uma tristeza profunda. Não foi isto que escolhi, nunca pude escolher. Um universo com humor negro colocou-me nesta posição ingrata, a de ver tudo arder tendo um extintor na mão, à espera que me puxem a cavilha de segurança. Sou o salvador em bruto, à espera. Leva-me contigo, para fugir e nunca mais pôr um pé no meio da multidão inculta e acéfala, permanentemente a esculpir falsos ídolos na praça com as forças que negam a eles e às famílias”. Jobim parou e retomou o folego. Continuou. “Como consegues tu viver no meio desta farsa com tanta facilidade, orientas-te pelas ruas como se fossem tuas, olhas nos olhos dos outros como se todos te devessem algo que pela tua misericórdia nunca cobrarás”, a sua voz perdia continuidade, falava agora com emoção, entre soluços de um choro que lhe tomava todas as forças para contar, “Diz-me, diz-me como!”.
O outro mantinha-se impávido desde que se havia sentado. O frio e o vento não lhe faziam diferenças, os pêlos ruivos pareciam indiferentes ao estado do tempo. Deixou que um minuto de silêncio desse a hipótese a Jobim para retomar a expressão pétrea e endurecida que a emoção lhe tinha roubado. Finalmente olhou para ele, com uma expressão jovial, não aquela que lhe tinha sido referida há pouco mas uma de compaixão e curiosidade pela vida e pelo futuro. Preparou-se para lhe dizer as últimas palavras que pronunciaria neste banco, neste parque, a este pobre homem de gabardina. Finalmente retorquiu, “meow”.
O seu trabalho estava feito. Colocou uma pata na perna de Jobim, de seguida outra e saltou para o seu colo, apenas por um segundo, e foi-se embora para nunca mais ser visto.
E foi a última vez que o tareco visitou o parque.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
O corpo de deus e os manjericos
Exemplo de uma overdose de manjerico |
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Precisamos mesmo de saúde?
É esta a pergunta que os capitalistas fazem. Todos eles consideram que a saúde é um bem como qualquer outro, e como tal é inteiramente dispensável, aliás, reservado para aqueles que possam pagar por ele – Os patrões e herdeiros de fortunas, a maioria deles corruptos até à medula. Isto nunca os impede de recorrer às urgências quando necessitam no entanto.
Claro que para desarmar um neoliberal é necessário argumentar neste assunto desde a origem (o capital que é taxado principalmente aos mais ricos) até ao seu destino terminal (o tipo de cuidados que é administrado ao público).
O neoliberal começará por presumir que qualquer imposto ou taxa que não seja cedido ao estado por mútuo acordo é extorsão, o que inviabiliza o SNS ou qualquer outro serviço público. Mas o mútuo acordo é quebrado ainda antes disso, sendo que o capitalista que enriquece, apenas o faz à custa do estado e distanciando-se da média financeira, empurra o resto das pessoas para o fundo e tornando o seu capital mais rarefeito à medida que o primeiro o acumula. É a administração central, com os seus serviços de segurança e apoio que permite que qualquer pessoa possa exercer actividade, logo, já que o empresário recebe a contribuição do estado para roubar o seu alegadamente justo quinhão, também tem que pagar a sua quota para continuar a exercer funções. Em suma, o neoliberal confunde uma extorsão com dois acontecimentos afastados que concatenados tomam a forma de mútuo acordo.
Seguindo o rasto dos fundos passamos à distribuição, e é aqui que o SNS começa a mostrar vantagem em relação às firmas privadas, pela sua capacidade de distribuir justa e equitativamente o orçamento da saúde pelas zonas que o necessitam. Enquanto uma clínica privada é moldada pela população que serve, prestando piores cuidados se os fundos auferidos não forem suficientes, o SNS permite que se calcule os custos correctos para servir uma população e manter padrões de qualidade, tanto pelo influxo contínuo de capital como pelo monopólio da formação dos médicos, um monopólio de qualidade (tal não se verifica com os enfermeiros levando a diferenciais avassaladores de qualidade e taxas de desemprego igualmente preocupantes).
Graças ao SNS o idoso de Montalegre pode ter a certeza de um cuidado tão capaz quanto um operário fabril na capital.
O mais duvidoso argumento contra os cuidados de saúde públicos é possivelmente o da existência da terceira pessoa no tratamento do doente. Explica o neoliberalismo que ao receber o salário de um terceiro envolvido, o médico não se preocupará em tratar adequadamente o doente, aliás, até poderá ter o incentivo de o tratar pior e tentar que este mude de médico porque afinal de contas um doutor com 1000 doentes ganha o mesmo que um doutor com 500 no serviço público. Há um certo mérito neste departamento por parte do oponente do SNS, é verdade que existe espaço de manobra a que existam maus profissionais e este cenário se concretize. Mas isso não significa que a receita pública deva ser suplantada por um veneno privado, deve sim ser adaptada à realidade. Basta apostar no ensino de qualidade para formar especialistas íntegros, recorrer a avaliações dos profissionais por uma entidade pública mas isenta e impedir a mobilização dos doentes para outros médicos (que deixa de ser necessária se o estado garante a qualidade de todos os seus empregados).
Referi-me ao argumento como duvidoso porque dá-se nele uma comparação blasfema, a de comparar um médico com um contabilista. Os médicos não tratam máquinas à espera de ser pagos, eles devem tratar sim doentes (por vocação) e obter por isso um rendimento é uma questão secundária. Só num utópico (felizmente) paraíso capitalista é que teríamos clínicos tão isentos de compaixão que a questão de quem lhes paga pudesse ter algum peso. Há maçãs podres em todos os pomares mas são estatisticamente irrelevantes.
Virando-nos para os dados disponíveis, a interpretação neoliberal é que as dívidas falam por si, o SNS não funciona. A situação é sem dúvida de lamentar mas é em grande parte resultado do enorme investimento que teve que ser feito pós 25 de Abril para cobrir a população toda em termos de saúde. A concretização desse projecto originou algumas lacunas logísticas, hospitais a funcionar em excesso de capacidade logo com excesso de despesas. Salvo os gestores corruptos que por experiências público-privadas tiveram lugar em gabinetes dos hospitais, estes estabelecimentos funcionam de forma bastante eficaz, apenas com orçamentos desadequados à realidade que vivem. A resposta a este problema passa por aumentar essas verbas, retirando-as de projectos menos importantes ou levantando-as do grande capital. Um reforço na caça dos que fogem ao fisco resolveria muito rapidamente os défices do SNS, no entanto é uma tarefa complicada quando o dinheiro se protege a ele próprio.
Um amante da sociedade não pode virar costas ao pobre estado em que o SNS se encontra. Mas esta posição sombria não o deve entristecer, deve sim levá-lo a aperfeiçoar esta máquina, prevenir gastos desnecessários e melhorar sempre a qualidade. Olhar para o sector privado (que apenas piora o problema) como uma solução é admitir que nem todas as pessoas merecem a vida, uma afirmação que apenas a mais cruel das pessoas pode fazer.
Queria finalizar este texto dizendo que não concordo com absolutamente nada do que escrevi, nenhuma destas explicações tem um mínimo fundamento e basta estar doente e visitar o serviço de urgência para se perceber que a saúde em Portugal é uma lotaria e que aos olhos do estado cada doença tem um preço, independentemente das particularidades da pessoa em que ela está.
Quem se identificar com o que eu tenha dito nitidamente precisa de tirar um ano para aprender como o mundo funciona.