quinta-feira, 14 de junho de 2012

Porque é que oiço o mp3 de manhã

Queria escrever algo com piada mas vejo-me com um pequeno problema para executar tal feito: não estou com sentido de humor nenhum. Então vou fazer o que vejo tão bem feito na televisão: criticar. Afinal de contas é esse o caminho de todos os políticos cuja lâmpada de presença na praça pública se fundiu.
Hoje penso que o melhor programa cómico português é possivelmente a missa de domingo na TVI. Acho que conserva aquele bonito esplendor da comédia clássica, da comédia inocente, de dizer patacoadas suficientes que peguem, fatos luminosos e meio idiotas. É o tipo de humor que deixa uma pessoa feliz e sentindo-se bem.

Isto leva obrigatoriamente a exprimir o meu profundo desagrado pelos comediantes profissionais portugueses da actualidade. E isto não é novidade, a evolução da comédia em Portugal não se faz desde que o gato fedorento passou a dar entre a programação normal e mudou o nome para "meo".

De entre os comediantes todos, aquele que mais admiro é no entanto o Ricardo Araújo Pereira. Ele conseguiu duas coisas impressionantes, tornar-se o homem mais engraçado de Portugal a falar de forma estranha e a interpretar personagens que falam também de forma estranha e ao mesmo tempo passar-se como mais divertido que o Zé Diogo Quintela que
a) tinha muito mais pêlos;
b) era "fortezinho";
c) conseguia fazer humor usando a sua própria voz.

Há que realçar também outro monstro do humor (e este honestamente acho piada frequentemente), o Nuno Markl. Graças a ele inúmeras vidas foram poupadas. Basta ouvir todas as rubricas dele que damos logo mais valor à nossa infância. Afinal de contas nem nos meus piores dias fui tão introvertido, azarado e sexualmente desafiado como o Nuno. Agradeço-te do fundo do coração (a sério, não fosse pelo Nuno Markl, já tinha mudado de nacionalidade por vergonha do que passa por humor em Portugal).

E antes de terminar este texto mal construído, constituído por pequenos desabafos, queria falar daquele que é o maior parasita da comédia, aquele que faz os outros tirarem o chapéu (para cobrir os olhos e vomitar lá para dentro em caso de necessidade), o Nilton. O Nilton, à visão de uma pessoa que nunca o suportou, fez a sua vida profissional com 2 artifícios:
-Entrevistar pessoas enquanto olha para a câmara com os seus óculos de massa, dando a impressão que é mais cool que isso e que está a fazer um valente frete;
-Dizer às pessoas "eu amo você". Mesmo tendo em conta que essa frase ficou sem controle e passou a ser utilizada por todos os miudos mais hip, houve uma altura em que naquela cabeça passou a ideia "hm, e se eu disser eu amo você a pessoas aleatórias? Vai ser muita giro, não vai?". Enough said.


Tenhamos em conta que eu não sou comediante. Eu tento ter piada de vez em quando. Normalmente sai tudo ao lado e acabo por fazer as pessoas rirem-se de mim por pena. Mas também não tenho obrigação disso. O Cavalo Colombo não foi feito para fazer rir, não estudei teologia e não recebo dinheiro para ir à radio comercial fazer sotaques a uma hora em que o adormecido super ego das pessoas não as impede de filtrar o que tem piada do que é equivalente a ir à mercearia na terrinha.

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