Todos os dias eles controlam as nossas vidas. Convencem-nos
que são vitais, que tratam dos nossos problemas, que precisamos deles e que sem
a sua presença, não haveria ordem, seria a anarquia total, a lei do sujo, ruas
intransitáveis e cada pessoa a tentar valer-se por si, sem amor ou atenção pelo
vizinho.
A realidade é outra e as pessoas não a vêem. Resignadas,
algumas contentes, levam o seu produto até eles, quase escravas. Escravas mesmo,
uma escravidão da mente, oxalá um dia se apercebam. Até lá eles andarão felizes
e contentes na rua, no meio dos seus rebanhos, sempre bem aperaltados, todos
iguais, todos sorridentes. Entre o seu gado, estes pastores nunca terão medo.
Cabe-nos a nós ensinar-lhes que ainda há quem lute contra os opressores.
Lutaremos até morrer. Lutaremos mesmo quando todos
desistirem. Verão os nossos petardos rebentar nas vossas bocas, verão os pneus
a arder no meio da estrada e as máscaras que ocultam os nossos rostos
enraivecidos enquanto vamos buscar-vos, a vossas casas, diante do incapaz braço
da polícia. E saberão que aí jaz a última paragem das vossas nojentas vidas.
Ver-vos-emos a arder e cantaremos hinos de liberdade. Não queimarão
sozinhos, convosco arderão os vossos gordos companheiros, constantemente à
procura das vossas sobras, pedindo sempre tratamento especial e incapacitando
ainda mais as nossas vidas.
Não há polícia que pare o espírito do povo. Não há ordem
tirânica que impeça o braço da justiça popular. Não dormirão descansados esta
noite com o cintilar no fundo das colunas de fumo que se erguem no horizonte. Os
mais pequenos são sempre os primeiros a cair. Mas os caixotes do lixo grandes
ardem da mesma forma. E os ecopontos também… excepto o vidrão.
O povo não será livre enquanto houverem caixotes do lixo.
O povo não será livre enquanto houverem caixotes do lixo.
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