segunda-feira, 26 de março de 2012

Orgia bacteriana

Orgia bacteriana não tem nada a ver com o que tenho, muito provavelmente trata-se de algo viral. Mas, como muitos devem saber, os vírus são meramente partituras que as nossas células vão tocar com a flautinha de pan.

As bactérias sim, conseguimos imaginar-lhes uma personalidade. São os bullies gordos da escola que andam a comer o almoço a toda a gente e a provocar o caos generalizado. Quantos de nós já ficaram impossibilitados de atender a compromissos por causa de uma bactéria? Quando se trata de um vírus encolhemo-nos em resignação, "a culpa é do meu corpo que acha que tudo o que é ADN é para multiplicar como se não houvesse amanhã". Se o médico nos fala de uma bactéria, sei lá, um streptococus, ficamos logo a pensar "se te apanhasse e não fosses tão pequena levavas uma bofetada na cara que pensavas logo duas vezes em acampar no meu sistema respiratório!"

A bactéria no entanto tem as suas protecções, os seus grupinhos activistas que andam por aí a dizer que elas são necessárias, que não podemos discriminá-las, até que não podemos viver sem elas. Quase que se atrevem a dizer que há bactérias pacíficas!

Bactérias pacíficas! Conseguem imaginar? É o equivalente de moscas da fruta pacíficas! Todos sabemos que as drosophilae são os animais voadores mais sádicos do mundo, destruindo toda a fruta da cesta no único dia da semana em que queríamos realmente comer (o dia em que a namorada nos diz que já dá para um idoso fazer alpinismo na nossa barriga).

A verdade é que a bactéria dita comensal (que vive em "equilíbrio" e "harmonia" no nosso organismo e nos ajuda em coisas como a digestão) é um ser altamente egoísta e assim que o sistema imunitário vira costas não perde a oportunidade de se multiplicar a la África Subsariana e invadir os tecidos como se fossem queijo suíço.
A argumentação de que elas nos protegem de bactérias piores também não cola, é o mesmo que escolher o Queirós para treinar a selecção: está bem que o lugar ocupado impede que seja passado para um treinador da liga Oranjina ou das regionais, mas também com o Queirós não se vai a lado nenhum!

Não havendo outra alternativa, por enquanto estamos refém da nefasta bactéria comensal, que isto não seja desculpa para não se arranjar melhor solução!

Concluindo, colónia de bactérias é como violação: o criminoso pode bem usar lubrificante e preservativo mas há coisas muito mais interessantes para fazer com o tempo perdido ali a levar com ele.

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