Exemplo de uma overdose de manjerico |
Há tradições que sempre me confundiram um bocado. Uma delas
é o feriado do corpo de deus. Pronto, esse nunca me confundiu, só este ano pela
primeira vez soube porque é que quinta-feira não houve aulas. Mas parece-me que
numa perspectiva laica do estado (apesar de participar nos cultos keynesianos e
europeístas sempre se vai dizendo que não vai para a cama com padres, antes que
apanhe alguma doença venérea) estar a atribuir férias para as pessoas irem à
missa é aborrecido. Especialmente mau é para os ateus que saem sempre
prejudicados porque ninguém lhes concede dias para irem visitar museus por
obrigação. Temos sempre que andar às cavalitas dos feriados religiosos e ainda
vamos comendo com boquinhas porque não vamos à igreja/sinagoga/mesquita.
Outra coisa que não faz sentido na minha cabeça é a relação
entre deus, o santo X (não sou teólogo, estou-me borrifando para esta religião
politeísta) e os manjericos. É algo mais ou menos parecido com a ressurreição e
o coelho da páscoa mas com a agravante de em vez de comermos chocolates… não…
vamos apalpar o rabo aos manjericos e chegar a mão à cara. É parvo. Pensem, é
realmente estúpido. Eu que não me dou particularmente com essências naturais
tenho a possibilidade de o presenciar mas você leitor tente tirar a mão da
cara, pare de aspirar que não é um anúncio da depuralina e maravilhe-se com o
espectáculo – toda a populaça de volta dos manjericos que parecem um grupo de
raparigas quando chega o catálogo da oriflame ou os médicos quando entra na
enfermaria o delegado de propaganda informação médica para fornecer canetas
relógios bilhetes conhecimento.
Então para o ano já não há corpo de deus à quinta, passou
para domingo. O secretariado da igreja chegou a esse acordo com o governo
(provavelmente ameaçaram-nos de começar a cobrar impostos como ao resto das empresas).
Os fiéis entrevistados pela sic dizem que está mal, que não é por um dia que o
país fica melhor ou pior. Eles bem sabem, todos os meses a reforma lhes chega
na mesma aos bolsos para irem à paróquia estufar o estômago em corpo e sangue de
cristo (só falta levarem os sais de frutos na carteira), nenhum reformado foi
sequer despedido pela segurança social, a crise é do fabrico dos jovens e
medidas destas metem todos no mesmo saco! Mas se eu fosse deus (não estou a
implicar que não sou, refiro apenas um caso hipotético que pode ou não
corresponder à minha pessoa\divindade) ficava aborrecido. Não chega já mandar
um filho para a terra para as pessoas idolatrarem um obeso mórbido com mau
sentido estético, deixá-lo morrer para as elas rebentarem a dieta com ovos de
chocolate, no dia em que era para se deleitarem no meu corpinho têm que o fazer
no meu dia de descanso? Não me chega já aturar os escuteiros na missa de
domingo a massacrar as guitarras?
Há muita coisa que realmente me confunde. Mas ao menos não
ando aí a meter manjerico para o septo nasal.
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