domingo, 25 de maio de 2014

Parece que hoje houve eleições europeias

Prezo muito a minha família. São muito simpáticos e acredito sinceramente que sejam boas pessoas. Mas aparentemente a água deve estar contaminada nas suas casas porque começaram todos a votar à esquerda.

Esquerda? Sim. Não é invulgar, dado que os partidos com representação no parlamento são socialmente de esquerda, fiscalmente de esquerda ou tão de esquerda que praticamente guiam em contra-mão, praticamente todas as pessoas estão condenadas a votar à esquerda ou ficar a ver televisão.

Trato no entanto da esquerda que nem a esquerda convida para as festas. Aquela que não quer descansar até que toda a plebe tenha tudo aquilo que sempre quis, mesmo que isso implique que fique sem tudo aquilo para que trabalhou. O PCP, que tão pouco está ligado à realidade que nega pedaços da história tão grandes que se fossem fatias de bolo a minha mãe olhava para mim com vergonha. O BE, que tanto quanto sei mantém as tradições de sacrifícios de fetos. Que acredita que se as contas forem bem feitas, ainda sobra dinheiro no fim do orçamento para umas quantas operações de mudança de sexo.

Não trato do Livre porque pouco sei sobre esse partido excepto que poderia ser uma cópia do BE se este último tivesse algum conteúdo tangível. Hoje em dia os partidos de esquerda são simples de criar, é praticamente como base de mousse de chocolate da Alsa. Basta ir à rua buscar uns quantos piropos aos desempregados, desenvolvê-los e corrigir os erros gramaticais et voilá, sai mais uma caixinha nas urnas para dar a impressão de que as pessoas têm escolha. Voltando à minha família.

O que lhes escapa a compreensão, na minha tão pouco elucidada e terrivelmente encoberta por dias de sono a menos (obrigado medicina interna) mente, é que fiscalmente nenhum partido pós 25 de Abril foi responsável. Não admira, ser responsável implica automaticamente não ganhar eleições. Até o PSD e PP sabem disso, daí que tenhamos saído de um programa de ajustamento da dívida à realidade com ainda mais dívida do que aquela com que entrámos. A ideia de redistribuir fundos não meritocraticamente e de uma forma mais ou menos agressiva tende a terminar mal. A resposta? Pelos vistos é continuar no mesmo caminho.

Ainda poderia imaginar que o voto na esquerda era de um cariz social, mas fazer menção hoje a problemas da sociedade só serve para ir ao prós e contras debater com a parede. Trazer assuntos da sociedade para cima da mesa é veneno partidário, como tal os partidos todos escolhem tratar de temas mais relevantes como "o que raio anda o Sócrates a fazer nesta campanha?" (imagino que a provar que o mentiroso é património nacional).

Rezo para que se encontre uma cura rápida para este flagelo que aflige os meus consanguíneos. Até lá tomo consolo em lembrar que pelo menos a família é pequena e o impacto nacional é ínfimo.

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